Teko Porã - A originalidade e a máfia do troco


Terça-feira hora do almoço parto da cidade de Cotia de ônibus com uma  amiga, a Ju, sentido centro de Sampa para entrevistar os amigos músicos do Teko Porã. Calor estridente, sol do meio dia, óculos de sol na cara e uma cerveja gelada trazida pela própria Ju, vamos ao ponto de encontro: Rua Augusta X Av. Paulista. No caminho conto para Ju sobre a performance da banda, a originalidade do grupo, a arte que eles tem de encantar e transformar qualquer piso em um palco. Achando que os meninos do Teko Porã fossem fazer um som nas calçadas da Paulista. Não! encontro um dos fundadores da banda, Pablo Nomás, sozinho. Ele nos chama para descer um quarteirão abaixo para fumar um, deixar a pauta mais criativa (Já que eu não tinha preparado pergunta alguma) e encontrar os demais integrantes do grupo. Chegando lá, encontrei a Maria Fernanda Leal e o Caio Gregory, Bia Rezende era única integrante que não estava presente. Logo, com cerveja e fumaça na cuca, comecei a conversa sobre a banda Teko Porã. 
Quando conheci a trupe, eles tinham outra formação, contava com a vocalista Marília Calderon, o bandolinista Juan Morales e o violinista Andreshua, conversamos sobre a formação da banda, esse desapego e as mudanças no som do grupo. Pablo explica que Teko Porã existe há 4 anos e que criaram uma versatilidade, que mudanças ocorrem constantemente, casamentos começam e acabam. Citou que eles são uma família de autogestão horizontal, tocam músicas juntos muitas horas por dia, moram juntos, trabalham juntos, viajam juntos, dividem contas e até passam perrengues juntos. Caio conta que as vezes nem tocam todos, tem dias que vai só um, as vezes dois, três ou com quantos estiverem disponíveis. Ele mesmo disse que veio de Niterói-RJ e conheceu Pablo tocando na rua Consolação-SP, quando Pablo fez o convite ao Caio para tocar e ele nunca mais voltou. Fernanda Leal conta que já tocava na rua antes de conhecer Pablo e fala que é ele quem arrasta e fomenta a galera pra tocar no Teko Porã.

Batendo papo e ao passar uma viatura da Polícia civil, apagamos o beck e subimos de volta pra Paulista, Pablo andando foi me contando um pouco da parte financeira e que todos eles vivem de arte de rua. Disse que as vezes é pesado, mas que consegue pagar contas, aluguel e sustenta seus dois filhos, o Waiki e o Kaiki. Também explica que a rua é melhor maneira de fazer contatos para shows, produções, casas e até parcerias. Subindo a Augusta e já na esquina com a Paulista, Pablo entregou um saco cheio de moedas para uma moça em uma lanchonete e disse, “Pajé, somos também a máfia do troco”, ele contou que diversos lugares trocam as moedas que caem no chapéu e que eles ainda fazem uma boquinha de graça nesses points.


Achando que eles agora iam tocar na Paulista, não, eles me chamaram para entrar no Metrô onde fariam o show dentro do vagão. Fumamos o último cigarro, tomamos os últimos goles de brejas e caímos na linha verde na estação Consolação, sentido Vila Madalena. Descendo as escadas Pablo falou um pouco dos artistas que não vão pra rua, tem vergonha, acha que vai desvalorizar o trabalho. Isso não passa de mentalidade, já que ele vive feliz de arte e não é por hobbie que faz isso há mais de 12 anos, já vendeu muito artesanatos, fez muito malabarismo e viajou por diversos lugares com a arte.
Na esquerda Pablo Nomás, direita Maria Fernanda e
Caio Gregory 
em pé. 
Durante apresentação e entre uma música e outra, Caio cita que tem problemas com seguranças do Metrô constantemente, pedem documentos, são tirados das estações, muitos não respeitam o trabalho dos músicos. Dentro das estações é proibido trabalhar com arte e passar o chapéu. Muita ignorância, pois esses mesmos guardas são contratado pra tocar dentro das estações com a Banda de Seguranças do Metrô.
Andryeshua
Após três viagens de Metrô e eu com a bexiga cheia. Falta de banheiro público nas estações e com uma vontade de mijar do caraio, me despedi dos amigos e saí correndo com a Ju para um bar em frente o Metrô Vila Madalena. Ao aliviar e pegar mais uma breja, encontrei eles na porta do bar quando me fizeram o convite para ir até o QG do grupo. Lá eles moram, estudam música e ensaiam, fica a 5 minutos de onde estávamos. Passamos no mercado, enchemos a sacolas de cerveja e indo para casa deles, encontramos por acaso o violinista Andreyshua, artista de rua e ex integrante do Teko Porã, ele foi conosco até o QG da trupe. Chegando na casa, conversando Andryeshua ele diz que “Teko Porã transcende e realiza, é a história do bem viver, o respeito ao tempo e ambiente, por isso sempre será uma boa família.”. 
Fernanda, Andryeshua, Pablo e Caio sacaram os instrumentos e continuaram tocando, ensaiando, sorrindo e fumando. Entre uma brisa e outra, perguntei como eles definiam o estilo musical do grupo, Caio respondeu sorrindo:


”Teko Porã é um caldeirão de música popular brasileira cigana, um tanto de afro americano, musica irlandesa e um toque de psicodelia.”

E esse é o fim, saí de lá bem louco e contagiado com o som dessa família!



Formação do grupo:

Pablo Nomás - Voz e Violão de 7 cordas

Caio Gregory - Voz e Bandolim

Maria Fernanda - Voz e Violino

Bia Rezende - Voz e Percussão

Redes Sociais:
 



Soundcloud:



Por. Rafael Pajé
Assistência: Juliana Oliveira




SOMZERA - A código Nóize cheira a cena independente e traz o que rola de novo na música brasileira.
Share on Google Plus